15.11.06

De nouvelles pas si nouvelles

Lundi 5 novembre, le conseil d'arrondissement s'est réuni à la mairie avec une assistance qui débordait la salle du conseil pour soutenir le Barbizon.

Le voeu pour le soutien du Barbizon et le mantien d'un projet culturel mené par les Amis de Tolbiac a été approuvé à l'unanimité. Avec une seule mise en garde qui a été posée par les élus de l'UMP par rapport à une emphase exagérée du rôle de la préfecture dans la fermeture de l'ancienne salle de cinéma.

Voici le texte qui a été approuvé, et passé hier au conseil municipal de Paris:

Conseil du 13ème arrondissement
Séance du 6 Novembre 2006

Vœu relatif au cinéma « Le Barbizon » présenté par La Majorité Municipale


Le mercredi 18 Octobre 2006, l’ancien Cinéma BARBIZON situé 141 rue de Tolbiac a été muré sur ordre du préfet de police. L’expulsion, sous la protection des forces de l’ordre, s’est déroulée devant plusieurs dizaines de personnes venues en soutien, rassemblant habitants, responsables associatifs et élus de notre arrondissement.
Et cela en dépit du vœu du Conseil de Paris, voté en séance du 16 et 17 Octobre, appelant à la suspension de cette procédure.

Ce même 18 Octobre un communiqué de l’Hotel de Ville précisait :
«(…) Le maire de Paris estime, avec le maire du 13ème Serge Blisko et Christophe Girard son adjoint chargé de la culture, que cette expulsion était inutile. Il eut suffit de prescrire les mesures de sécurité nécessaires.
Par ailleurs, le projet culturel développé depuis 3 ans et demi par l’association des Amis de Tolbiac, après plus de vingt ans d’abandon du cinéma, répondait à l’obligation faite par le Plan local d’urbanisme de réserver ce site au développement d’un projet culturel de proximité, rappelée par le vœu du conseil de Paris.(…) »

En effet, depuis décembre 2002, sans moyens et dans des conditions précaires, l’association « Les Amis de Tolbiac » a su fédérer artistes, jeunes créateurs, riverains et associations de quartier autour d’un lieu unique d’expression citoyenne et de culture tissant un lien social essentiel dans un quartier dépourvu d’équipement de proximité.
Par ailleurs la diversité de la programmation riche de dizaines d’événements (projections, théâtre, expositions, débats…) avait conquis un public, en participation libre, bien au-delà de l’arrondissement.

Les éluEs du 13 ème entendent protester contre cette opération de police et souhaitent que ce cinéma puisse réouvrir autour d'un projet culturel de proximité élaboré avec la Mairie de Paris en concertation avec les animateurs du collectif Les amis de Tolbiac et les habitants.

C’est pourquoi le Conseil du 13è arrondissement émet le vœu:

QUE la ville de Paris mette en œuvre dans les meilleurs délais le vœu adopté en séance du Conseil de Paris des 5 et 6 Avril 2004, à savoir l’acquisition du Barbizon, réservé depuis en parcelle culturelle au PLU approuvé par le Conseil de Paris en Juin 2006.

QUE la Ville de Paris mette un lieu transitoire d’activité à disposition de l’association expulsée, parallèlement à, conformément aux voeux adoptés par le conseil de Paris les 22 octobre 2003 et 16 octobre 2006, l’élaboration d’un projet culturel de proximité sur ce lieu en concertation avec les habitants et les animateurs du collectif " Les amis de Tolbiac"

6.11.06

Verdades inconvenientes



Por sugestão do Agreste Avena e também por curiosidade fui ver o documentário do Al Gore An inconvenient truth.

O documentário cheira um bocadinho a campanha partidária. Al Gore tem um longo caminho pela frente, em particular tendo em conta o desgaste da sua imagem durante os tempos da administração Clinton, em que foi classificado de político aborrecido e de pouco carisma. Provavelmente terá como rival a bem mais popular imagem Hillary Clinton que tem aparecido recorrentemente nos media por causa da campanha para as eleições a meio-mandato esta terça-feira.

A reciclagem da image de Gore está bem montada, em intervalos reflexivos ele apresenta o seu lado humano, sofreu várias adversidades ao longo da vida e elas são motivo de reflexão para o tema do filme. A matéria principal está assente numa série de conferências em que Gore mostra o seu lado divertido, capaz de cativar a atenção do público durante as apresentações, e fortemente empenhado numa questão polémica e difícil de fazer passar numa nação em que a competitividade é a chave do seu sucesso.

Apesar de me ir sentindo desagradado ao longo do filme por ter pago para ver campanha política dos USA, o documentário transmite uma mensagem importante de uma forma compreensível e com uma argumentação abundante. O tema das mudanças climáticas é importante pois é claro que a humanidade chegou a uma fase em que tem poder para influenciar o equilíbrio natural do planeta em que vive, e tem que reflectir sobre as consequências do uso desse poder, e agir de forma a conservar toda a riqueza de um lugar que é único no espaço que nos é permitido observar actualmente... Já para não falar em manter esse lugar habitável.

Parece-me claro que neste contexto, e de forma a atingir o maior público possível e cingir a duração do filme a algo que se possa compreender em menos do tempo de uma tese de doutoramento, a argumentação tem que ser simplificada. Mas eu acho que não se podem deixar de citar as fontes, talvez tivesse sido mais indicado pôr os próprios especialistas a falar e confrontá-los com opiniões diferentes.

No genérico final é apresentado o endereço de um site (climatecrisis) criado como anexo ao filme que apresenta algumas referências (reputadas, tanto quanto uma pesquisa na net permite verificar) mas o material apresentado no filme não é relacionado com o contexto dos artigos mencionados.

Tomo como exemplo a concordância entre a variação da concentração de dióxido de carbono na atmosfera e a temperatura global (média de medições efectuadas à superfície, imagino). No filme apresentam-se duas curvas que são surpreendentemente semelhantes, as variações de CO2 acompanham quase perfeitamente a temperatura.


Procurei na Net algumas referências sobre o assunto. De facto pegando em dados recolhidos em glaciares da Antárctida (em bolhinhas de ar capturadas durante a congelação) as duas curvas são extraordinariente coincidentes. Só que, como é discutido aqui, a correlação não significa causalidade, e uma observação mais detalhada mostra que o aumento em C02 está sistematicamente desfasado de cerca de 800 anos relativmente ao aumento de temperatura. No gráfico este facto é pouco perceptível porque representa uma escala de tempo de 400 000 anos. Isto mostra que nestas escalas de tempo o aumento de C02 é um efeito e não uma causa do aumento de temperatura, e que portanto estes daos não ajudam muito na interpretação da situação presente.


No passado, a atmosfera encontrava-se forçada por factores externos, ou seja as variações de energia proveniente do sol, principalmente porque a distância entre a terra e o sol variam, e a inclinação da terra também varia. A concentração de CO2 ajustava-se devido a esta forçagem. A questão actual é saber o que acontece quando se força a concentração de C02 em vez da luz que atinge o planeta. A resposta é complicada porque há muitos factores em jogo que se adaptam mutuamente. Há vários factores que influenciam o clima e alguns deles, também relacionados com a poluição podem ter efeitos inversos na temperatura. No entanto, os dados actuais mostram um crescimento simultâneo dos dois índices, e apesar de ainda serem recentes são razão de preocupação.

Outro aspecto que achei interessante foi a análise feita a uma amostra de artigos científicos (quase 1000), em que nenhum deles aponta para causas naturais do aquecimento global, o que parece estranho tendo em conta que se houve frequentemente falar de dissidências em relação ao aquecimento global antropogénico. Suponho que esta análise foi feita de uma forma sistemática, mas mais uma vez não encontrei provas disso no filme. Neste artigo da wikipedia descobrem-se alguns cientistas dissidentes, muito mais isolados do que os que acreditam em causas antropogénicas.

Hoje em dia há uma forma simples de fazer uma ideia sobre este facto, é ir à procura em arquivos de artigos na internet sobre um determinado tema. Por exemplo no Google Scholar, procurar por "global warming". Olhando para o título e resumo dos artigos é possível ter uma ideia do ponto de vista dos autores, e defacto aparece muito pouco material que fale claramente de causas naturais para o aquecimento global. Muitos parecem não se pronunciar sobre o tema.

Pode-se pensar que a distrbuição dos artigos publicados em revistas conceituadas sejam afectados pela visão maioritária. Para esclarecer este tema pode-se procurar num arquivo científico onde estão incluidos artigos que foram rejeitados, em física por exemplo no arXiv. Aqui encontram-se facilmente alguns artigos dissidentes, mas numa proporção não muito alta, muito abaixo da proporção de artigos dissidentes na imprensa geral que é referida no filme (57%, se não me engano).

Em conclusão parece-me que o documentário teria a ganhar com maior precisão científica, o uso mais frequente de fontes originais e já agora, distanciar-se da propaganda política. No entanto, no meu caso acho que fez um bom trabalho em alertar para certos dados que não conhecia. Uma opinião de especialistas pode ser encontrada aqui.

É ainda uma boa notícia que finalmente este tema seja abordado tão a fundo na campanha política dos Estados Unidos, significa que os políticos sentem que é um tema que sensibiliza os eleitores. A ser verdade talvez finalmente a nação com maior produção de dióxido de carbono finalmente ratifique o protocolo de Kyoto.

Mais difícil será sensibilizar a opinião pública de que para ter efeitos a nível global é preciso que que os 4/5 da população mundial que vivem em economias emergentes utilizem uma via diferente para alcançar as economias ocidentais. E que será injusto que sejam forçadas a pagar sozinhas os custos adicionais de um desenvolvimento baseado em energias alternativas, enquanto as economias ocidentais puderam beneficiar de um progresso baseado em combustíveis fósseis, conversão de florestas em áreas industriais e agrícolas, etc.

Para terminar deixo dois links onde me parece que há uma discussão profunda e bem argumentada deste tema:

RealClimate, um site bem explicado de investigadores em ciências do clima com abundantes referências científicas

Relatório do Intergovernamental Panel on Climate Change

Filme open-source



Para mostrar que não é preciso pagar para ter ferramentas de qualidade, uma equipa de informáticos e artistas criou um filme feito exclusivamente com software "open-source", que significa não só que o software é gratuito, mas também que é distribuido juntamente com o código-fonte. As soluções informáticas encontradas para resolver determinados problemas encontram-se portanto em acesso livre e podem ser reutilizadas por outros programadores.

O filme, claro, está também em acesso livre e pode ser descarregado aqui

4.11.06

Barbizon au conseil d'arrondissement


Lundi 6 novembre à 18:30 la situation présente et future du Barbizon sera discutée au conseil d'arrondissement du 13ème arrondissement (1, Place d'Italie).
Le soutien et l'intérêt démontré par le public présent auront une grande influence sur ce qui sera décidé, autant pour le futur de la salle de cinéma que pour la survie du projet culturel du Barbizon.

Venez assister sur place au conseil d'arrondissement et manifester votre intérêt pour une culture populaire et citoyenne dans le 13ème arrondissement !

2.11.06

Rivoli teatro comercial



Os ocupantes saíram, passaram pela esquadra e foram libertados com termo de residência até que seja resolvido o processo em tribunal, por ingestão de bolachas em espaço público, se não estou enganado.

Entretanto, o Teatro Rivoli pode seguir o seu desígnio, traçado por um dos expoentes máximos da cultura e da diplomacia, o Dr. Rui Rio.

(logotipo por Daniel Vasco)

Braga!

Dois motivos especiais para estar contente de voltar a Braga na semana passada (além da família e dos amigos, claro!):


Quando toda a gente se perguntava se um buraco negro se teria formado no interior do antigo Teatro Circo, sorvendo todas as suas entranhas, ei-lo de volta sob o novo nome de Theatro Circo fazendo lembrar tempos idos, ou um teatro vindo do estrangeiro: a sala continua a ser um teatro à italiana, mas a programação está recheadíssima e esgotadíssima nos próximos 3 meses, coisa que já não se via na cidade há muito tempo. Esperemos que não passe um Rio em Braga nos próximos tempos, apesar de serem raras as razões para nos congratularmos com o que temos...


A organização por parte do Estaleiro cultural Velha-a-Branca do Festival Fast-Forward Portugal. A ideia é ser advertido de um tema ou conjunto de temas para uma curta-metragem às 21 horas de uma sexta-feira, realizar o filme e estar pronto a apresentá-lo às 21 horas do dia seguinte.
Numa cidade onde é tão difícil criar e manter projectos culturais, a iniciativa da Velha-a-Branca durante os últimos 2 anos tem que ser louvada, esperando que continue durante muitos mais!

E que venham novos projectos semelhantes!

Le mur parle

Le samedi 21 octobre la redécoration du mur du Barbizon avait était prévue et annoncé. La police a jugé mieux de se déplacer pour proteger son oeuvre d'art.

Pourtant, la police ne pouvant pas rester tout le temps sur place, le mur a décidé de profiter pour s'exprimer:









Encore deux liens avec des vidéos concernant le barbizon:

* Avant le mur, l'expo de C215

* "le mur", par Anne

1.11.06

A verdade na ciência militar

Já tinha pensado no texto abaixo antes de ter começado a escrever aqui e andava a hesitar postá-lo porque entretanto a discussão nos blogs que referi parece ter amainado.
Mas hoje lembrei-me de escrevê-lo por ver uma notícia que abre uma nova esperança ao positivismo.
De facto, parece-me que em muitas situações da vida se aplica o mesmo princípio, e a diversidade de pontos de vista ajuda a construir uma ideia própria sobre determinado assunto -- num paradigma diferente dir-se-ia, a aproximar-se da verdade.
Ora parece haver uma ciência em que existe uma verdade, e em que as observações podem ser corrigidas pelos seus detentores. Quem me dera poder fazer isto em física!
Do outro lado do Charco as restrições às liberdades sucedem-se a um ritmo vertiginoso, e cheira-me que ainda vamos ver passar por lá mais "bills" além da recente "detainee bill", e outras de consequências duvidosas...
Parece-me uma situação semelhante à que ocorreu com Santana Lopes, que classificou de mentira uma opinião de Marcelo Rebelo de Sousa, levando ao afastamento deste do seu programa televisivo. Dado o acumular de disparates do seu governo, o Presidente da República acabou por achar que era demais e pô-lo na rua. Por uma vez o sistema semi-presidencialista mostrou funcionar, apesar de isso acontecer com mais dificuldade em outras ocasiões noutros países da Europa...
Mas por lá, com que contra-poder é que podem contar os mais de 50% que não votaram no actual presidente e outros menos de 50% que se enganaram a votar? E as restantes 6270899083 pessoas deste planeta (dados de 01/11/2006)?

A verdade na ciência

Não tenho sido um assíduo seguidor da blogosfera nos últimos tempos, mas do pouco que tenho lido, segui com interesse a dicussão sobre a verdade e a incerteza na ciência, no Agreste Avena e no Conta-Natura. A discussão sobre ciência e epistemologia devia ser retomada com mais frequência, de modo que para começar, as guerras de ciência não se assemelhassem tanto a uma conversa de surdos devido à confusão de conceitos de ambas as partes. Como chego atrasado, não dou propriamente resposta a nenhum dos posts mas deixo só algumas ideias.

Uma das questões fundamentais com que esbarra uma discussão deste género é sobre a existência da verdade, e a nossa capacidade de a alcançar. Noutra altura talvez volte a pegar neste assunto, mas em muitas interpretações da física do século vinte parece chegar-se à conclusão de que é impossível aceder (no sentido de observar ou medir) à realidade. Eu não estou tão seguro que seja essa a interpretação da física quântica e das teorias do caos, parece-me simplesmente que andamos simplesmente a mudar as "propriedades fundamentais" que devem ser observadas para se conhecer o estado e a evolução futura do sistema.

Mas isto é só a interpretação das teorias, das construções lógicas da mente para compreender o que nos chega aos sentidos (directamente ou via instrumentos de medição). É possível que a realidade nada tenha que ver com este tipo de construções, que esteja assente em princípios completamente diferentes dos que é possível abarcar pelo modo de funcionamento da nossa mente, ou ainda que não possa ser enquadrada em leis matemáticas ou lógicas (não ponho aqui a hipótese de não existir qualquer verdade lógica porque nesta altura me parece inconcebível, dado o sucesso da ciência em tantas áreas). Por isso chamo metafísico a este problema, no sentido em que não muda grande coisa na aplicação da ciência: se existe uma verdade ela é inatingível pela observação e qualquer teoria deve ser tomada como uma aproximação. Não digo (nem penso) que um problema metafísico não deva ser discutido, e que não possa vir a ter implicações na forma de fazer ciência.

Voltando à questão da relação da verdade com o conhecimento, podemos dizer que uma teoria é válida quando está em acordo até certo ponto com aquilo que vemos... e nos permite prever o que vai acontecer a determinados sistemas com um grau de certeza bastante grande... até ser encontrado um novo fenómeno que está em completo desacordo com essa teoria e é necessário passar da física clássica à mecânica quântica.

Ainda assim, enquanto a teoria bate certo, bate até certo ponto, as observações caem sempre ligeiramente ao lado do que prevê a teoria... ou às vezes não tão ligeiramente, mas na física também temos critérios para dizer se o desvio é ligeiro (está dentro da margem de erro) ou não. E isto porque o tal sistema a estudar nunca está completamente isolado do resto do mundo: o chão vibra, o ar mexe-se, o experimentador tem que fornecer alguma energia (sob forma de luz por exemplo) ao sistema para que ele lhe diga em que estado está... E isso introduz flutuações aleatórias que fazem com que os pontos de medição formem uma nuvem mais ou menos concentrada em torno da linha que corresponde à "verdade" (científica).

Depois há aqueles erros que não são aleatórios. São "enviesamentos", podem ser causados por uma desafinação do instrumento de medida, ou por não se observar um ponteiro do ângulo correcto... às vezes porque espera determinados resultados tem menos tendência a dar-se conta dos erros que comete involuntariamente.

A solução para este problema passa por ter vários experimentadores a observar o mesmo fenómeno em vários lugares do mundo e seguindo técnicas de medição tão distintas quanto possível. É a única forma de provocar enviesamentos em tantas direcções possíveis que de facto se tornem aleatórios e é então possível fazer uma estatística das observações.